Cristãos enviam Bíblias e folhetos à Coreia do Norte através de balões
Na Coreia do Sul, existem cerca de 50 “guerreiros baloeiros”, pessoas
que enviam todo tipo de informação por sobre a fronteira para que os
cidadãos da Coreia do Norte possam saber que existe outro tipo de vida.
No país mais isolado do mundo não há internet livre e a mídia é
totalmente controlada pelo governo.
A maioria desses baloeiros são desertores da Coreia do Norte, que sonham
em ver a liberdade de volta ao país onde nasceram. O mais antigo deles é
Lee Min-Bok, 59 anos, que começou a soltar grandes balões em 2005.
Embora não tenha inventado o método, sua dedicação acabou gerando uma
“onda”, sendo seguido por muitos outros. Ele hoje lança entre 700 e
1.500 balões por ano, sendo que cada um transporta de 30 a 60 mil
folhetos.
Lee é evangélico e foi destaque de uma matéria no New York Times. Além
de panfletos com mensagens evangelísticas e Bíblias ele envia aparelhos
de rádio, notas de US$ 1, pendrives e comida.
Seu objetivo é desacreditar o culto à personalidade que cerca Kim
Jong-un, o jovem ditador da Coreia do Norte, que herdou o posto de seu
pai.
Os balões de Lee voam entre 3.000 e 5.000 metros acima do nível do mar,
passando pela fronteira mais fortemente guardada do mundo, sem dar
chance para que os soldados norte-coreanos consigam abatê-los. Aciona
então os “timers”, que soltam os fardos. Os folhetos se espalham pelos
céus da Coreia do Norte, onde a população sabe muito pouco do que se
passa no mundo.
Uma vez que eles só conhecem a versão do governo norte-coreano sobre os
fatos, são proibidos de praticar livremente qualquer religião. O regime
comunista impõe que todos sejam ateus. Há diversos registros de cristãos
sendo colocados à força em campos de trabalho forçado por causa de sua
fé.
O baloeiro acredita na eficácia do seu trabalho pois sua própria vida
foi mudada por um folheto. Ele trabalhava como biólogo de um instituto
de pesquisa agrícola estatal em 1990 quando achou o material deixado por
um balão vindo da Coreia do Sul. Curioso para saber se as informações
estavam corretas, começou a fazer perguntas sobre o regime comunista.
Isso irritou as autoridades, ele foi preso e torturado. Conseguiu
escapar da cadeia em 1991 e fugiu para China. Tempos depois foi para a
Rússia, onde ouviu o evangelho e se converteu.
Chegou à Coreia do Sul em 1995. Lá foi para o seminário e se tornou missionário em tempo integral.
Hoje lidera a Aliança de Cristãos Norte Coreanos, que se dedica a
denunciar ao mundo a perseguição aos cristãos no país e a usar balões
para divulgar o Evangelho.
Evangelização já foi chamada de “ato de guerra”
Lee Min-Bok mantém seu ministério com ofertas vindas de igreja de vários
países. Questionado sobre a eficácia, ele disse que “folhetos são mais
baratos e mais seguros. Não há guardas de fronteira, radar ou
interferência no sinal de rádio que possa detê-los.”
Realizar essa atividade não é tarefa simples. Sua casa é feita com dois
contêineres de carga, e monitorada por 12 câmeras de vigilância da
polícia. Cães latem para qualquer estranho que se aproxime sem avisar.
Detetives à paisana o acompanham para onde quer que ele vá, visando
protegê-lo de possíveis assassinos enviados pela Coreia do Norte.
Ele já foi ameaçado abertamente pelo governo comunista. Pyongyang já
classificou a atividade dos baloeiros de “ato de guerra”. Isso não
amedronta o evangelista. Sempre que o vento é favorável, soprando para o
norte, Lee sai com seu caminhão de 5 toneladas, transportando um enorme
tanque de hidrogênio até a fronteira, a uma hora de distância. Chegando
lá, ele e os eventuais voluntários enchem com gás dezenas de balões de 7
e 12 metros em forma de barril e os soltam no ar.
Não existe um estudo confiável sobre quantos norte-coreanos leram os
folhetos ou como reagem. Contudo, há testemunhos de desertores que
fugiram do país após lerem os folhetos ou ouvirem às transmissões
externas nos rádios que caíram junto.
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Gospel Prime
Cristãos enviam Bíblias e folhetos à Coreia do Norte através de balões
Reviewed by Flaviano Silva
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