Por Renato Vargens
Há pouco fiquei sabendo de algumas igrejas cancelarão os seus cultos em virtude das eleições. Isto mesmo, os pastores destas igrejas deixarão de adorar a Deus porque optaram em fazer boca de urna para o seu candidato a vereador e prefeito.
Caro leitor, no primeiro domingo de outubro, milhões de brasileiros em
nome da democracia, escolherão aqueles que os representarão nas câmaras
municipais, além de eleger aqueles que os governarão pelos próximos
quatro anos.
Todos sabemos da importância do pleito e da necessidade de exercermos
com responsabilidade o voto nas urnas. Sem sombra de dúvidas é
extremamente louvável preocupar-se com o destino do país e das
comunidades as quais estamos inseridos, no entanto, não posso deixar de
compartilhar com os irmãos, a minha perplexidade com a essa nova práxis
evangélica. Na verdade, infelizmente algumas igrejas em nome da
“cidadania” suprimiram os seus cultos em detrimento da necessidade
messiânica de fazer “boca de urna”. Sou obrigado a confessar que tal
fato me escandaliza profundamente, até porque, acredito que nada
absolutamente nada, seja mais importante do que estar na casa de Deus em
comunhão com Aquele que nos redimiu e salvou.
Além disso, vale a pena ressaltar que a “boca de urna” é crime
eleitoral. Talvez você não saiba, mais a nomenclatura “boca-de-urna”
surgiu de um jargão popular e corresponde ao aliciamento de eleitores no
sentido de “atrair a si, angariar, subornar, convidar, seduzir,
provocar” o voto do eleitor no dia do sufrágio popular.
A proibição deste aliciamento foi criada em 1986 pela Lei 7.493, de
17/06/86 e ficou sendo repetida em diversas leis eleitorais, com
exceção, da que regeu o pleito de 1992. O delito está tipificado
atualmente no art. 39§ 5º, I e II da Lei 9.504/97 e o art. 41, II da
Res. 20.988/02(TSE). Estas normas determinam que boca-de-urna configura
crime no dia da eleição, punível com detenção de seis meses a um ano,
com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
período e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR.
Meus prezados, aqueles que me conhecem sabem que não advogo a idéia que
comumente tem tomado conta de parte dos evangélicos nos dias de hoje.
Não creio na manipulação religiosa em nome de Deus, não creio num
messianismo onde a utopia de um mundo perfeito se constrói a partir do
momento em que crentes são eleitos.
É possível que ao ler este texto você afirme: o Pr. Renato está
equivocado quanto as suas declarações. No entanto, basta olharmos para a
história dos evangélicos na política brasileira pra percebermos que o
fato de termos crentes nos poderes executivo e legislativo deste país
não é suficiente para uma mudança significativa em nossa sociedade. Na
verdade, o problema está para além disso, eticamente estamos adoecidos,
até porque a “febre do jeitinho” nos tem feito acamar proporcionando
assim, delírios e pseudovisões em nome de Deus. Na perspectiva da ética,
dia de eleição é dia de exercermos livremente as nossas opções
políticas e ideológicas, ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de
manipular, impor ou decidir por você em quem votar.
Não se esqueça que boca-de-urna, é crime, é que nós como santos de Deus,
temos o compromisso de cumprirmos as leis que regem este país, afinal
de contas, devemos ser sal desta terra e luz deste mundo.
Soli Deo Gloria
***
Fonte:http://www.pulpitocristao.com
Os evangélicos e o crime da boca de urna
Reviewed by Flaviano Silva
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